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domingo, agosto 28, 2022

RESENHA - "Polegarzinha" de Michel Serres


Nessa resenha será abordada questões trazidas pelo autor Michel Serres, cujo era um filosofo “vanguardista” francês, teve uma infância um tanto quanto atribulada, sua vivencia em meio de conflitos foi importante para sua formação, nascido em Agen, ao sul da França, no dia 1 de setembro de 1930, vivendo 88 anos e, falecendo em 1 de junho de 2019 na cidade onde morava, Vincennes, também na França. O autor escreveu mais de 80 livros, ao longo de sua vida, livros como: “O terceiro instruído”; "O contrato natural" e o livro que pegaremos para resenhar,  o livro intitulado “Polegarzinha: uma forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber”, mais especificamente focando no último capítulo do livro, chamado de “Sociedade”, cujo o capítulo é dividido em tópicos, nas quais se chamam: “Elogio das notas recíprocas”; “Elogio a H. Potter”; “Túmulo do trabalho”; “Elogio do hospital”; “Elogio das vozes humanas”; “Elogio das Redes”; “Elogio das estações e dos aeroportos”; “Reviravolta da presunção de incompetência”; “Elogio da marchetaria”; “Elogio do terceiro suporte”; “Elogio do nome de guerra”; “Algorítmico, procedural”; “Emergência”; “Elogio do código”; “Elogio do passaporte” e “Imagem da sociedade de hoje”, mas focarei nessa resenha as informações dos três primeiros já supracitado. 

No primeiro tópico, supracitado, o autor nos traz a questão da avaliação do professor, cujo o autor nos diz que na França teve uma certa repercussão nessa discussão, que na opinião do autor, ser uma discussão boba, pois o professor sempre está em avaliação, tanto numa forma formal, por meio das leis escolares e universitárias de avaliação docente, mas também numa forma informal, pelos pensamentos e dizeres dos alunos fora das salas de aulas ou até mesmo na sala de aula, que reflete nos números dos alunos. Como mostra o autor: “[...] Por que, independente da lei, quem assiste às aulas sempre avalia o professor. Havia muita gente na sala e, hoje de manhã, só três ou quatro estudantes? É a sanção pelo número. [...]” (SERRES, 2012, p. 61). O autor ainda nos traz que o sistema de avaliação, sai do âmbito escolar (não se limitando somente na escola), para o âmbito social, através de premiações, publicações, por exemplo, de melhores filmes e séries, melhores restaurantes, outro exemplo, essa resenha aqui, cujo você leitor, já está me avaliando, avaliando minha escrita, minha forma de expor as informações do capítulo de um livro que fora avaliado por pessoas que a leram, e também avaliado pela própria pessoa que ô escreveu.

No tópico seguinte, o autor nos conta sobre os operários, citando um jovem chamado Humphrey Potter, que para o autor, esse jovem mostra a frequente competência dos operários, que se adaptam as questões de quem decide, que são aqueles que ficam distantes, cujo fazem mudanças sem mesmo perguntar aos operários, que são vistos pelos “chefes” (os “homens” que ordenam), como incompetentes. “[...] o operário se limita a uma máquina a ser dirigida, um pouco mais complicada do que aquela em que ele trabalha. Antigamente, no alto, bocas sem ouvidos, embaixo, orelhas sem voz.” (SERRES, 2012, p. 64), como vimos, não existia/existe uma comunicação de quem está em cima, com quem está embaixo, quem é de cima ordenava/ordena sem ouvir quem está embaixo, o debaixo só ouvia/ouve sem direito de “retrucar”, sem poder expor suas opiniões. 

O autor nos diz, que “as melhores empresas colocam seus operários no centro das decisões práticas” (SERRES, 2012, p. 64), saindo assim da forma organizacional de maneira piramidal, dando autonomia ao operário de controlar suas próprias atividades, como diz o autor: “[...] deixam que Polegarzinha controle, em tempo real, sua própria atividade [...], mas também que examine os mandatários, que podem ser o patrão, o médico, o político.”

Na sequência, o autor nos transmite uma certa instabilidade no mercado de trabalho, onde os trabalhadores procuram um determinado trabalho e, assim que encontrado, continuam a procurar, por medo de perde-lo. Além disso, na vivência do trabalho, os trabalhadores acabam se submetendo a responder seus “superiores” (“chefes”) de uma forma que responda, sem comprometer seu emprego, as questões por eles (“superiores”) levantadas. O autor mostra que com o avanço tecnológico a partir da revolução industrial, o trabalho começou a ficar entediante, como podemos ler nesse trecho: 


“A Polegarzinha se entedia no trabalho. Seu vizinho marceneiro antigamente recebia tábuas brutas da serração, situadas em meio à floresta. Depois de deixá-las por muito tempo secar, ele tirava desse tesouro, de acordo com as encomendas, bancos, mesas ou portas. Trinta anos depois, ele passou a receber de uma fábrica janelas já prontas, para instalar em grandes obras com vãos formatados. É um tedio. [...]” (SERRES, 2012, p. 65)


Sabendo disso, podemos dizer que o principal problema seria a capitalização da indústria, ou até mesmo da sociedade como um todo, cujo o capital não seria somente a concentração monetária, mas também dos produtos produzidos pelas indústrias, por exemplo, água nas represas, mineral no subsolo, afastando assim de quem executa as ações práticas e, “O tédio geral vem dessa concentração, dessa captação, desse roubo de interesse.” (SERRES, 2012, p.65).  Com o crescimento da produtividade e o crescimento populacional no mundo, o autor nos diz que o trabalho se torna cada vez mais raro. Foi com as indústrias que houve esse aumento de produtividade e, também o mundo começou a ser prejudicado, pois através das máquinas, que compõe a indústria, se está poluindo e acabando com o meio ambiente, enfim se “[...] depende de fontes de energia cuja exploração destrói as reservas e polui.” (SERRES, 2012, p. 66) não é benéfica, pois o sonho de Polegarzinha era essa questão de fazer as reparações necessárias para que todos que operam sejam felizes e completados em suas funções, traçando uma lista de ações que não polui, nem o planeta e nem a humanidade, já que tudo, os indivíduos e a sociedade, gira entorno do trabalho.

Com essas informações, vemos que a tecnologia pode tanto atrapalhar, quanto auxiliar tudo e todos que formação uma certa sociedade, com as questões trazida pelo autor sobre o tedio no trabalho, podemos ver que o trabalho sendo mais facilmente executado, facilita o mundo, na questão de deixar mais prático, de ser feito mais rápido as coisas, por exemplo, as janelas, as mesas, os edifícios, trazendo para educação, as atividades de casa (“tarefas”), a pesquisa sobre determinados assuntos, a tecnologia deixa tudo isso mais fácil, deixa nos “polegares” dos indivíduos envolvidos, mas a grande questões é: Será que isso que a tecnologia nos facilita, é benéfico para os indivíduos que há utilizam? Será que isso faz com que gerem uma certa autonomia na aprendizagem?

Na minha concepção não gera essa tal autonomia, pois os/as alunos/as acabam ficando dependente da tecnologia, “pra que vou fazer o cálculo se já existe a calculadora”, “por que vou ler o texto se as respostas já estão no navegador do meu notebook”, esses tipos de comentários nos mostram que há um défice na questão da educação tecnológica, a educação deveria/deve acompanhar e evoluir, em tempo real, com o avanço tecnológico. Pois tudo que o avanço tecnológico traz para sociedade é benéfico, mas os indivíduos que há formam devem saber utiliza-las, por que se não souberem, podem acabarem se alienando. 

Referência

SOCIEDADE. In: SERRES, Michel. Polegarzinha: Uma forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber. [S. l.]: BERTRAND BRASIL, 2012. cap. 3, p. 59-94.


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